É
mais comum pensar nas pessoas com defici-
ência em termos de necessidades do que em
termos de potencial. A resposta às exigências
especiais desta população impede-nos muitas vezes
de reparar nas oportunidades que se abrem para a sua
integração ativa. O Centro Social Paroquial de Pinhal
Novo, em Palmela, decidiu responder a esta limitação,
criando um Centro de Empreendedorismo Integrado,
especificamente dirigido a pessoas com deficiência.
Trata-se de um recurso que abre a estes cidadãos a
possibilidade de criarem a sua própria empresa, inves-
tindo na criação de empregos e na sua própria inserção
social. O projeto, aberto à participação de outras Insti-
tuições Particulares de Solidariedade Social da região,
foi uma ideia de Pedro Dias, colaborador do Centro – e
ele próprio portador de deficiência.
O pressuposto é elementar: numa das populações
mais desfavorecidas na procura de emprego, não deixa
de haver competências, talentos e recursos para aprovei-
tar. O problema é conseguirem começar. “Muitas vezes
não têm acesso a projetos. Não têm dinheiro e não há
ninguém que os apoie”, explica o vice-presidente do
Centro, Albino Timóteo. “A nossa iniciativa vai exata-
mente nesse sentido: chamá-los, incentivá-los a apre-
sentarem os seus projetos”.
Cada ideia de negócio vai ser analisada por uma Co-
missão de Avaliação e terá um Gestor Individual de
Projeto que assistirá o empreendedor no planeamento
da sua ideia. Para isso, o Centro Social Paroquial de Pi-
nhal Novo celebrou um acordo como Instituto Politéc-
nico de Setúbal, que colocará as suas competências ao
serviço do Centro de Empreendedorismo Integrado. A
menção honrosa obtida no BPI Capacitar vai permitir
apetrechar o fundo de apoio e investir na divulgação
deste recurso, dando visibilidade – e viabilidade – às
boas ideias. Sem obstáculos.
A
união faz a força. Foi essa a lógica seguida na
Figueira da Foz quando, em 1976, a Misericórdia
local e a Obra da Figueira se uniram, criando a
Misericórdia – Obra da Figueira. Hoje, a instituição gere
quatro valências: lares; apoio domiciliário; centro de dia
e centro de noite; e creche/jardim de infância. A somar
a tudo isto, a organização mantém-se aberta à comuni-
dade, disponibilizando o seu auditório e o polidespor-
tivo para eventos e gerindo outros apoios sociais, como
um serviço de teleassistência, formação profissional e
banco alimentar.
“Entre todas as nossas valências e serviços, apoia-
mos cerca de 500 pessoas mensalmente e assinámos
um protocolo com a Segurança Social para a abertura
de uma cantina social, onde disponibilizamos 65 refei-
ções, todos os dias”, explica Maria de Fátima Oliveira,
coordenadora-geral da instituição.
À semelhança do que acontece um pouco por todo o
país, também a Misericórdia Obra da Figueira se “de-
para com deficiências em termos financeiros. Apesar
dos nossos recursos próprios e dos apoios, há sempre
necessidade de ter mais recursos porque procuram-nos
pessoas cada vez mais envelhecidas e com mobilidade
reduzida e o dinheiro não dá para tudo”.
Por isso, o projeto “Investimento na qualidade de vi-
da”, com o qual venceram uma Menção Honrosa nos
Prémios BPI Capacitar, não podia vir em melhor hora:
o projeto vai beneficiar 60 utentes com a aquisição de
cadeiras de rodas, camas elétricas, apoios sanitários,
colchões e almofadas antiescaras, andarilhos e tripés,
além de outro equipamento técnico para apetrechar
melhor os lares de idosos e disponibilizar aos utentes
do apoio domiciliário.
“A aquisição destes equipamentos significa melhor
qualidade de vida e de tratamento para os nossos uten-
tes”, afirma Maria de Fátima Oliveira, que apenas la-
menta não haver “mais iniciativas deste género. São
importantíssimas. As instituições não têm capacidade
de avançar, evoluir sozinhas, só podem fazer algumas
coisas, o dinheiro não dá para tudo”.
N
asceu em Águeda, há 35 anos, mas hoje a CERCIAG -
Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Crian-
ças Inadaptadas de Águeda atua em cinco concelhos
do distrito de Aveiro. Atividades ocupacionais, apoio domici-
Grande(s) apoio(s)
Uma vida melhor
A riqueza escondida
A
crise não passa ao lado das instituições sociais. A bra-
ços com uma conjuntura adversa, a Santa Casa da
Misericórdia de Portalegre tinha decidido encerrar
o serviço de apoio domiciliário. Mas isso foi antes do projeto
“Fénix – Renascer das Cinzas”, levado a cabo pela nova Me-
sa Administrativa eleita no início deste ano, para quem esta
valência é crucial. “O apoio domiciliário é, no fundo, aquela
resposta social que faz com que se retarde o mais possível a
institucionalização da pessoa”, justifica o provedor da Santa
Casa da Misericórdia de Portalegre, José Serrote.
Para reavivar um serviço cuja extinção estava prevista pa-
ra este ano, nenhum nome assenta melhor ao projeto do que
“Fénix”. A ideia não é só manter o apoio, mas alargar a gama
de cuidados prestados. Além da comida, limpeza e assistên-
cia à saúde, há espaço para muito mais. “Queremos alargar o
âmbito do serviço que é prestado, para que as pessoas conti-
nuem nas suas casas da melhor maneira possível”, antecipa o
provedor. “Ficámos muito agradados ao saber que tínhamos
sido premiados. Vai ser uma ajuda fundamental para a requa-
lificação deste serviço.”
AMenção Honrosa obtida no BPI Capacitar vai dar asas a esta
“Fénix”, permitindo ao mesmo tempo à instituição não ter de
desviar recursos de outra área fundamental: a construção de
um novo lar residencial, para substituir o atual que funciona
num edifício do século XVII, sem as condições de conforto e
acessibilidade exigidas a um equipamento deste género. No
apoio domiciliário, o projeto “Fénix” começa já pela aquisição
de uma viatura adaptada. “Numa instituição como a nossa, es-
te apoio é fundamental. Sem ele teríamos muita dificuldade
em adquirir durante o próximo ano uma carrinha em condi-
ções”, diz José Serrote. Agora, o projeto já tem os meios para
correr sobre rodas.
Renascer das cinzas
EMPREENDER
OCentro Social
Paroquial de Pinhal
Novo, emPalmela,
vai ajudar jovens
comdeficiência
a criaremo seu
próprio emprego,
através de
umCentro de
Empreendedorismo
Integrado.
“FÉNIX”
O serviço
de apoio domiciliário
estava prestes
a ser encerrado
na Santa Casa da
Misericórdia de
Portalegre. Emvez
disso, a instituição
apostou namelhoria
da resposta social,
como apoio do BPI
Capacitar.
MELHORAPOIO
O serviço domiciliário da CERCIAG vai ser reforçado comuma
nova viatura adaptada, equipamentos e ajudas técnicas para os utentes.
QUALIDADE
Melhorar o apoio
aos idosos e pessoas com
deficiência é a razão de ser da
Misericórdia Obra da Figueira.
Apoios técnicos como cadeiras
de rodas, camas articuladas
ou andarilhos, entre outros,
vão fazer a diferença nas vidas
de 60 beneficiários do projeto
“Investimento na qualidade
de vida”.
liário, lar residencial e investigação e desenvolvimento na
área da deficiência são algumas das missões da organização,
tambémmuito ativa na formação e emprego dos utentes, pa-
ra o qual têm um Centro de Recursos para a integração, do
Ministério da Educação.
Figueiredo Simões, vice-presidente da instituição, con-
fessa que esta “não é a primeira vez que nos candidatamos”
ao BPI Capacitar, mas o projeto “Mais qualidade” fez jus ao
nome, merecendo este ano uma Menção Honrosa. O objetivo
é a “aquisição de uma viatura adaptada para apoio domici-
liário, bem como de material, equipamento e ajudas técni-
cas. Vamos também adquirir uma viatura com revestimento
isotérmico, compartimentada em zona alimentar, zona de
roupas e zona de produtos de higiene. Estes equipamentos
permitem-nos responder commaior e melhor eficácia às ne-
cessidades e evitar repetidas deslocações à instituição, além
de facilitar a intervenção no domicílio e agilizar as respostas
às solicitações”, explica Figueiredo Simões.
É um grande salto para a CERCIAG. “É uma mais-valia,
porque vai permitir-nos rentabilizar recursos e também
estar mais tempo com os nossos utentes, muitos deles em
situações de exclusão social por dificuldades motoras, ou
outras”, explica Gorete Silva, responsável pelo apoio domi-
ciliário na instituição.
O envolvimento do BPI na iniciativa é, para Figueiredo
Simões, “um investimento e uma ajuda fundamental. Estes
apoios permitem às instituições disponibilizar recursos pa-
ra projetos meritórios”.