BPI Capacitar - page 4

Férias bem merecidas
Patas para andar
A
creditar é um trabalho importante. A Acreditar - As-
sociação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro
dedica-se desde 1993 a “melhorar a vida das crianças
com cancro em contexto hospitalar”, como explica Marga-
rida Cruz, diretora-geral da associação. “Somos sócios fun-
dadores da Confederação Internacional das Associações de
Pais de Crianças com Cancro. Fizemos muitas campanhas de
sensibilização para desmistificar estas patologias e levamos a
cabo iniciativas de dois ou três dias com os jovens”, explica.
Foi destas pequenas atividades que nasceu o projeto “Des-
cobrir Mais”, que valeu à associação uma Menção Honrosa
nos Prémios BPI Capacitar deste ano. “Os jovens precisam
de tempos de lazer”, lembra a responsável da Acreditar. Com
o “Descobrir Mais”, a associação vai dar a cerca de 80 crian-
ças portadoras de cancro (e seus irmãos) a oportunidade de
participarem em campos de férias em regime de acantona-
mento, onde realizarão atividades desportivas, criativas e jo-
gos de equipa. O objetivo é “a promoção do desenvolvimen-
to pessoal (autoconfiança, auto estima,
coping
, resiliência,
iniciativa, responsabilidade e autonomia) e a promoção do
desenvolvimento social (trabalho em equipa, assertividade
e construção de laços de amizades)”, pode ler-se no projeto
apresentado a concurso.
“Os campos de férias, de cinco dias emmédia, são dirigi-
dos a crianças dos 5 aos 21 anos, as quais serão acompanha-
das por uma equipa técnica constituída por monitores que
tiveram cancro pediátrico e onde se inclui um enfermeiro,
ACREDITAR
AAssociação de
Pais e Amigos
de Crianças com
Cancro venceu
umaMenção
Honrosa na
edição deste ano
dos Prémios BPI
Capacitar com
o projeto de
dinamizar campos
de férias para as
crianças doentes.
que garante o acompanhamento do estado de saúde dos par-
ticipantes”, explica Margarida Cruz.
Em época de crise, a associação é confrontada com a “ne-
cessidade de apoiar famílias fragilizadas economicamente
e a afetar recursos para esses casos, retirando-os de outros
projetos”, conta Margarida Cruz. Por isso mesmo, é muito
importante que as IPSS tenham “a oportunidade de pode-
rem concorrer e ser apoiadas, porque vivemos de apoios
destes. Estas iniciativas levam a um sentimento de contágio
e outras a seguir-lhes os passos, o que é muito importante”.
A
vida de uma pessoa invisual é feita de barreiras,
de obstáculos a contornar. É por isso que a ACAPO
– Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal,
concebeu o projeto “Tecnologias de Informação Promoto-
ras de Autonomia”. A ideia é simples, mas as implicações
são revolucionárias. Trata-se de usar
software
que já exis-
te para fazer o reconhecimento de objetos ou de texto im-
Uma visão nova
TECNOLOGIA
Criar
software
de reconhecimento de objetos e apoio à
leitura para invisuais é o projeto inovador lançado pela ACAPO. OPrémio BPI
Capacitar vai permitir colocar a ideia emmarcha em todas as delegações
da associação espalhadas pelo país.
presso, e adaptá-lo a plataformas móveis, como os
tablets
ou os
smartphones
.
Comeste tipo de tecnologiamóvel, serámuitomais fácil
aos invisuais identificarem objetos ou decifrarem coisas
tão aparentemente simples como umbilhete de comboio,
um talão Multibanco ou um impresso numa repartição
pública. O
software
de reconhecimento de texto já existe,
mas ainda não está disponível em plataformas móveis. “A
grande inovação do projeto é possibilitar a sua utilização
em qualquer dispositivo, seja computador, iPad,
tablet
,
smartphone
, etc.”, explica Rui Fontes, um dos responsá-
veis pelo desenvolvimento da ferramenta.
O
software
faz também o reconhecimento de códigos
de barras que permitem identificar com rigor um deter-
minado objeto – permitindo, por exemplo, escolher um
CD específico numa coleção demúsica. AMenção Honrosa
obtida nos Prémios BPI Capacitar vai permitir, para já, ins-
talar esta solução nas 13 delegações da ACAPO espalhadas
pelo país. Só emPortugal contam-se emperto de cincomil
os beneficiários diretos, para não falar das potencialida-
des que esta ferramenta tem numa lógica de exportação
para o resto do mundo. “É um grande quebra-barreiras”,
explica Graça Gerardo, diretora nacional da ACAPO. “Vai
facilitar a nossa autonomia.”
I
ntegrar as crianças com paralisia cerebral foi sempre a
missão da Associação do Porto de Paralisia Cerebral. Daí
vêm iniciativas com um toque especial, como a criação
de brinquedos adaptados.
A intervenção na área da paralisia cerebral é sempre espe-
cializada e diferenciada, explica Abílio Cunha, da associação.
“É uma deficiência muito heterogénea, não existem dois ca-
sos semelhantes, e isso obriga as equipas a desenvolverem às
vezes projetos individuais para garantir a qualidade de vida
daquela pessoa”. É isso que se faz nas várias valências da or-
ganização, que ajudamquase 1800 beneficiários em respostas
como um centro de reabilitação, um serviço de apoio domi-
ciliário, jardim de infância, residência assistida ou atividades
ocupacionais e de inserção profissional, entre outros.
Mas há um equipamento simples que continua a faltar: um
parque infantil à medida das necessidades de crianças com
deficiência, dos 3 aos 5 anos. “Normalmente preocupamos-nos
com a questão das acessibilidades para adultos. Esquecemos
as crianças”, lamenta Abílio Cunha. “É frequente ver que nos
parques infantis as crianças com deficiência ficam de fora”.
Para resolver esse problema, a associação decidiu criar um
parque infantil acessível, onde as crianças come semdeficiên-
cia podem brincar lado a lado. Sem barreiras. O parque, que
deverá estar pronto em setembro de 2013, pode finalmente
avançar com o apoio do BPI Capacitar. Serão perto de 100 os
beneficiários diretos, mas isso é só para começar. A esperança
é que o novo espaço sirva de exemplo para outros semelhantes.
“Acreditamos que este projeto patrocinado pelo BPI será repli-
cado pelo país”, antecipa Abílio Cunha. Será um espaço para,
na brincadeira, promover a integração de forma muito séria.
Um parque para todos
BOABRINCADEIRA
Oprimeiro parque infantil
inclusivo vai nascer
pelamão da Associação
do Porto de Paralisia
Cerebral. Equipado para
acolher crianças com
deficiência, o parque
deverá servir de exemplo
para a criação de
estruturas semelhantes
noutros pontos do país.
A
Associação Beira Aguieira Apoio Deficiente Visual,
criada em 1999, é a única instituição em Portugal a
treinar cães-guias para invisuais. Situada em Mortá-
gua, a associação cria anualmente, e de forma gratuita para o
utilizador, uma média de 14 animais. Não chega: a lista de es-
pera ronda dos “três a quatro anos”, conta o presidente, João
Fonseca. “Oprocesso de educação de cada cão-guia dura apro-
ximadamente dois anos, o que explica a longa lista de espera.”
As necessidades tornam-se ainda mais gritantes quando se
sabe que cerca de 30% a 40% dos cães treinados destinam-se
a substituir cães que atingiram a idade de reforma e que, “por
isso, têm prioridade, o que faz com que corramos o risco de
entrar num circuito fechado”, aponta João Fonseca.
Para combater este círculo vicioso, a associação vai lançar um
novo bloco com10 canis, aumentando o número de cães-guias
entregues anualmente para 18 animais. Além disso, a criação
de parques exteriores para alojar 20 a 30 cães vai permitir criar
uma nova valência de cães para pessoas autistas.
Para isso, foi determinante o apoio do BPI Capacitar. “Nós
temos necessidade de crescer e criar infraestruturas, o que per-
mite criar riqueza direta. Não podemos esquecer que umcego
com um cão-guia é mais capaz a nível familiar, social e pro-
fissional e este prémio vai capacitar-nos para produzir mais.”
BONSGUIAS
O apoio do Prémio BPI Capacitar vai permitir aumentar
o número de cães-guias para invisuais treinados todos os anos pela única
instituição nacional certificada para este trabalho. Atualmente,
a lista de espera por umcão-guia ronda os três a quatro anos.
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