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desporto é uma excelente forma de tera-
pia e integração social para pessoas com
deficiência. As atividades aquáticas, em
particular, têm um enorme potencial pa-
ra a promoção do desenvolvimento psi-
cossocial, aponta Ana Ponce, da Associação de Apoio à
Juventude Deficiente (AAJUDE). O Centro de Atividades
Ocupacionais da AAJUDE, no Porto, apoia todos os dias
perto de 20 utentes em programas como a hipoterapia.
Foi lá que surgiu a ideia de usar o
surf
como ferramenta
terapêutica. “Nós procuramos socializar os doentesmen-
tais, integrá-los na sociedade”, explica Ana Ponce.
“Eles
são realmente capazes de coisas que não julgamos pos-
síveis. E têm direito à felicidade, à qualidade de vida”,
argumenta. As primeiras experiências comamodalidade
surgiramquase por acaso, numa iniciativa voluntária de
uma escola de
surf
de Matosinhos. O sucesso foi tal que
não tardou a nascer a ideia de alargar o programa e dar-
lhe um carácter permanente, adquirindo equipamentos
para os jovens e organizando um calendário de aulas.
replicaro sucesso
“O
surf
é umdesporto que dá uma grande tranquilidade
física e psicológica”, garante Ana Ponce. Que o digam os
jovens comdeficiência que já experimentaramo projeto.
“Gostaramimenso. Trouxe-lhesmuita felicidade”, afian-
ça a responsável pelo programa. “Saíamda água comum
ar feliz”. O Prémio BPI Capacitar vai permitir à AAJUDE
organizar aulas semanais, de uma hora, comcarácter re-
gular, como forma de promover o equilíbrio, o contacto
coma natureza e a integração social através do desporto.
Mas,mais do que isso, iniciativas como esta têmomérito
de apontar bons exemplos, casos de sucesso.
“Estes prémios são bons para ensinar outras institui-
ções”, diz Ana Ponce. “Ajudam a ajudar os outros, por-
que dão aos projetos uma amplitude muito grande e um
maior potencial de integraçãona sociedade”. A terapia do
surf
é o exemplo de uma ideia que pode facilmente ser
“exportável”. Na AAJUDE, entusiasmo não falta. Agora, é
só apanhar a onda.
ara necessidades especiais, cuidados es-
peciais. Esta é a filosofia da Associação
Portuguesa de Familiares e Amigos de Do-
entes de Alzheimer, que dá apoio domici-
liário a dezenas de vítimas de demência
na zona de Cascais. A sede da associação, que está em fa-
se final de construção, deverá abrir no início do ano que
vem com as valências de Lar, Centro de Dia e Serviços
de Apoio Domiciliário (SAD). “A resposta que as pesso-
as com demência mais precisam é de lar”, conta Mar-
garida Matos, da associação. No entanto, não há vagas
suficientes nestas valências, o que obriga a instituição
a compensar, melhorando o nível de cuidados de apoio
domiciliário. “Queremos aumentar a qualidade de vida
destas famílias”, sintetiza Margarida Matos. O novo pro-
grama de apoio domiciliário, denominado “Mais SAD”,
vai arrancar com 50 famílias, alargando a cobertura dos
serviços domiciliários já existentes, quer a nível de ho-
rários – abrangendo noites, fins de semana e feriados –
quer aumentando a intervenção de pessoal especializado
de enfermagem e apoio social.
“A questão é dar o maior nível de serviço durante
a maior amplitude de tempo possível.”
É um projeto
prioritário para a Associação Portuguesa de Familiares
e Amigos de Doentes de Alzheimer, até porque, como
conta Margarida Matos, muitos doentes são acompanha-
dos por pessoas idosas, com dificuldades em garantir os
cuidados necessários. Para já, o “Mais SAD” arranca du-
rante um ano, graças ao apoio do BPI Capacitar, que veio
compor o orçamento.
“O BPI permitiu-nos ter um ótimo
começo”
, congratula-se a responsável pelo projeto. Além
ara grandes males, pequenos remédios. Po-
dia ser este o lema do projeto da Associação
Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão
Deficiente Mental de Albergaria-a-Velha. O
problema é simples: o Centro de Atividades
Ocupacionais da associação acolhe todos os dias perto de
20 pessoas, que se dividem por ateliers que vão da costu-
ra à jardinagem, passando pela culinária, a música ou as
artes manuais. Mas o espaço funciona com limitações, nu-
ma moradia adaptada.
A principal barreira é a falta de um elevador que ligue
o rés-do-chão ao primeiro andar. Muitos utentes, em ca-
deiras de rodas ou com debilidades físicas, ficam por isso
confinados ao piso térreo, impedidos de subir as escadas.
A solução não é complexa: basta instalar um elevador de
escada que, equipado com uma cadeira, permite vencer o
obstáculo. É esta obra que fica agora ao alcance da asso-
ciação, graças ao BPI Capacitar. “O significado deste pré-
mio para a instituição é imenso”, regista Adolfo Vidal, da
Direção da associação.
“É importantíssimo que tenhamos equipamentos que
nos permitamultrapassar as barreiras arquitetónicas que
existemnas nossas instalações”,
acrescenta. “Para a vida da
instituição este será umdos momentos mais importantes,
precisamente porque nos vai ajudar a colmatar uma falha
que tínhamos há anos”. Para Adolfo Vidal, o apoio dado
pelo BPI é um bom exemplo do que deve ser feito pelas
empresas. “Estes projetos, de maior ou menor dimensão,
são essenciais para a vida de pessoas que têmdificuldades,
que têm problemas e que hoje, mais do que nunca, tem
muitas dificuldades em conseguir ultrapassá-las e viver
uma vida com um mínimo de dignidade”.
Um apoiomais próximo
Semobstáculos
Terapia do surf
omar uma nova opção à gama de projetos te-
rapêuticos para os jovens comdeficiência é a
ambição do núcleo de Aveiro da Associação
Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão De-
ficiente Mental. A Estufa Verde é um projeto
que pretende ocupar 10 jovens comdeficiência, comquem
a associação já trabalha, na dinamização de uma estufa on-
Semear a inclusão
P
O
MAIORCUIDADO
Onovo serviço de apoio domiciliário da
associação vai dar uma respostamais completa às necessidades
dos doentes de Alzheimer
NOVOPROJETO
A futura estufa da APPACDMde Aveiro vai apoiar a
integração social dos jovens da região
VENCERBARREIRAS
Umsimples elevador de escada vai dar nova
qualidade de vida aos utentes do CentroOcupacional da associação
S
p
de viabilizar a componente financeira necessária para o
sucesso da iniciativa, é um apoio que pode dar mais vi-
sibilidade ao problema, espera Margarida Matos. “Acho
que é importante, não só para alertar a sociedade civil,
mas também para chamar a atenção dos decisores polí-
ticos para este problema”, diz.
de serão produzidos produtos hortícolas para consumo da
própria associação – nomeadamente no Centro de Ativi-
dades Ocupacionais, no Lar Residencial ou nos centros de
formação profissional que aqui funcionam.
“Acreditamos
que este projeto vai ser uma mais-valia, porque os parti-
cipantes vão poder ver coisas palpáveis, acompanhá-las e
vê-las crescer”
, conta o presidente do APPACDM de Avei-
ro, António Dias. “Vai ser bom sentirem-se úteis a produzir
qualquer coisa palpável.” Associada à horta, uma nova cen-
tral de compostagempermitirá aproveitar os lixos orgânicos
produzidos na associação para fertilizar a horta biológica – o
que vai melhorar a sustentabilidade ambiental do projeto.
Para António Dias, o apoio do BPI Capacitar é o empurrão
que faltava para dar andamento a este projeto. “Os tostões
estão contados”, lamenta o presidente da associação. “É evi-
dente que este prémio nos dámeios para criar esta estrutu-
ra. De outro modo nem pensaríamos em criar isto agora.”
Felizmente para a associação – e para os jovens que vão ser
apoiados neste programa –, a candidatura deu bons frutos.
NOVATERAPIA
O surf é a última inovação
entre as atividades ocupacionais da AAJUDE
uMprémio
paraa inclusão
O Prémio BPI Capacitar é um dos maiores fundos
privados de apoio a projetos de integração social
no nosso país. No valor global de 500 mil euros,
o prémio, criado em 2010, financia iniciativas da
sociedade civil que promovam a integração social
e a melhoria da qualidade de vida de pessoas com
deficiência ou incapacidade permanente. A qualidade
técnica de cada projeto, a sua sustentabilidade e o
seu impacto na promoção da qualidade de vida dos
beneficiários são os critérios fundamentais para a
atribuição do Prémio. O júri procura projetos sólidos,
inovadores e que possam ser replicados por outras
organizações, pelo país fora. Este ano, o BPI Capacitar
analisou perto de três centenas de propostas,
atribuindo dois primeiros prémios, ex aequo, e nove
menções honrosas.
Menções
honrosas